Para que servem as palavras?

Sem a palavra o mundo humano é impensável. É por ela que expressamos ideias, sentimentos e percepções de mundo, criamos realidades, nomeamos seres e coisas, raciocinamos e tentamos dialogar uns com os outros. De outro lado, quando manejamos mal a palavra ou nos desgarramos de sua função simbólica, afastamo-nos em demasia da verdade das coisas, distorcemos valores e temos dificuldade para nos entender minimamente uns com os outros.

Tendo-se em conta a riqueza simbólica e instrumental da linguagem, será meu propósito aqui refletir sobre, afinal, para que nos servem as palavras.

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O falo como condição de alienação

Em psicanálise, uma forma de definir o falo é qualquer símbolo com função imaginária de suturar[1] nossas faltas existenciais. Freud descobriu que o pênis, órgão corporal masculino, tem para crianças de ambos os sexos, a função privilegiada de um falo.

Esta significação do pênis como falo é, obviamente, determinada pela cultura, o que significa dizer que não se trata de um mero acaso que as coisas tenham se arranjado assim. Em uma sociedade matrilinear e não patrilinear como é nossa, o falo bem poderia estar do lado feminino sendo, por exemplo, os seios intumescidos de leite ou o útero.

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Amar o humano em cada homem

O poeta e escritor D. W. Lawrence trabalha com uma ideia, resgatada da filosofia, muito interessante àqueles que gostam de exercitar o pensamento.

Diz ele que a forma de amor mais elevada é aquela em que somos capazes de amar e tratar com dignidade e respeito a cada ser humano em particular porque nele está contida a humanidade inteira.

Acabo de fazer uma linda viagem em que pude sentir e vivenciar o que propõe Lawrence. Conheci e conversei com muita gente nesta viagem; ouvi histórias dramáticas e lindas; enxerguei sonhos e frustrações; vi beleza e feiura de espírito; encantei-me com um homem corajoso e viúvo que viaja só em busca de experiências estéticas; emocionei-me com um humilde e nobre pescador preocupado em cuidar do lixo de sua comunidade; conheci pessoas generosas que me trataram com acolhimento e calor humano; também enxerguei olhares perdidos, gente confusa e atormentada; gente raivosa e sem brilho nos olhos.

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Minhas primeiras jabuticabas

Que feliz aprendizado estou tendo ao poder cuidar de meu jardim e observar o ritmo próprio da natureza. Tenho me impressionado ao pensar como o cuidado das plantas e a observação atenta do ritmo da Terra podem ser uma rica metáfora da própria vida e de como devemos buscar vivê-la.

Mudamos para nossa casa no mês de maio deste ano e iniciamos nossa jornada nela com um difícil e árido outono. Neste momento, as plantas recém-plantadas e, portanto, ainda muito frágeis, começavam a perder suas folhas, em um processo que parecia de destruição, mas que, no fundo eu sabia ser de renovação. Enfrentando uma dura estiagem, lembro-me de como me senti exigida em minha capacidade de espera pela realidade inóspita porque meus olhos me levavam a crer que aquelas plantas não iriam sobreviver, por mais água que lhe déssemos.

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Contribuições de Aristóteles para uma vida de sentido

O ser humano não é só, ainda que o seja também, um animal. Se de um lado ele está determinado por seus imperativos biológicos (necessidade de se alimentar e de se hidratar, de dormir e de procriar, de defecar e de urinar), o homem busca também transcender sua própria existência. Em uma linguagem bíblica, o homem almeja ser à imagem e semelhança de Deus.

Este seu anseio de transcendência e de superar a si mesmo é um exercício de potência realizadora que o impele sempre em direção a ser o melhor que ele pode em cada situação. Em poucas palavras, o ser humano necessita dar sentido à sua existência e anseia por uma vida de sentido, pelo menos, quando está saudável. Para Simone de Beauvoir “o Homem prefere razões de viver à vida em si mesma”. 

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Artigo científico publicado na revista Psicanálise & Barroco em Revista 2015

Acesse o meu artigo científico intitulado As tramas do nascimento psíquico no conto A Legião Estrangeira, de Clarice Lispectorpublicado na revista Psicanálise & Barroco em Revista em 2015.

Referência: MORAES MARTINEZ, A. L. As tramas do nascimento psíquico no conto A Legião Estrangeira, de Clarice Lispector. Psicanálise & Barroco em Revista[S. l.], v. 13, n. 1, 2018. DOI: 10.9789/1679-9887.2015.v13i1.%p. Disponível em: http://seer.unirio.br/psicanalise-barroco/article/view/7351.

Artigo científico revista Estilos da clínica (USP. Impresso) 2014

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Acesse o meu artigo científico intitulado Ressonâncias do inconsciente materno e familiar na sintomatologia infantil e no setting analíticopublicado na revista Estilos da clínica em 2014.

Referência: MARTINEZ, A. L. M. Ressonâncias do inconsciente materno e familiar na sintomatologia infantil e no setting analítico à luz de um caso clínico. In: Estilos da clínica. (USP. Impresso), v. 19, p. 91-110, 2014.

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Artigo científico revista Psicologia em Revista (online) 2014

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Acesse o meu artigo científico intitulado Famílias homoparentais: tão diferentes assim?publicado na revista Psicologia em Revista (online), em 2014.

Referência: MARTINEZ, A. L. M. Famílias homoparentais: tão diferentes assim? In Psicologia em Revista (Online), v. 19, p. 371-388, 2014.

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Artigo científico publicado na revista Estudos de Psicologia (PUCCAMP) 2011

download (1)Acesse o meu artigo científico intitulado A experiência da maternidade em uma família homoafetiva femininapublicado na revista Estudos de Psicologia da PUCCAMP em 2011, escrito em parceria com a Profa. Dra. Valéria Barbieri (FFCLRP-USP).

Referência: MARTINEZ, A. L. M. & BARBIERI, V. A experiência da maternidade em uma família homoafetiva feminina. In: Estudos de psicologia (PUCCAMP. Impresso), v. 28, p. 175-185, 2011. 

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Hoje estou de luto.

Hoje estou de luto por alguns de meus vizinhos que, perplexos, me perguntaram por que eu chorava se minha casa estava protegida do incêndio que devorou por dois dias ininterruptos a mata e matou milhares de vidas mais honestas que a nossa.

Estou de luto pela falta de paixão de algumas das pessoas vestidas de vermelho que foram enviadas para nos ajudar, mas que se mostraram terrivelmente presas nas malhas da inércia. Desalmadas e carcomidas no ser por um salário miserável e por um Município que não as valoriza como salvadoras que em tese são, mostraram-me o quão triste é um coração sem alma, desacreditado de sua própria importância no mundo.

Estou de luto por aqueles que conseguiram chegar em casa após um dia de trabalho e ligar a TV mesmo com labaredas enormes devastando a vida e empesteando o ar a alguns metros de suas lindas e envidraçadas janelas.

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