Quando devo procurar um psicanalista?

images (3)Para que o trabalho de um psicanalista funcione é importante que a pessoa realmente queira ser ajudada.

Na prática, isso significa que o trabalho com um analista só terá efeito se a parte saudável do paciente fizer uma aliança positiva com o profissional. Este vínculo do paciente com o analista em direção à cura se chama aliança terapêutica.

Esta observação parece redundante, mas não é! Vou explicar porquê.

Indivíduo = sujeito não dividido

No senso-comum, costuma-se pensar que o fato de uma pessoa buscar a ajuda de um psicanalista significa por si só que esta pessoa deseja ser ajudada. Esta premissa está assentada na lógica de que nós somos lineares.

Mas Freud descobriu que o ser humano não é linear, ou seja, não é um indivíduo no sentido psicológico do termo, que significa sujeito não dividido. Ele descobriu que nós estamos constantemente divididos entre desejos opostos e conflitantes entre si. Na situação discutida aqui, isso significa que há no paciente um enorme conflito entre o desejo de melhorar e o desejo de permanecer doente.

Isso ocorre porque nós somos dotados de dois instintos básicos, amor e ódio, que estão presentes em todas as realizações humanas.

Quando o paciente chega ao consultório:

Quando um paciente consegue fazer o primeiro contato com o psicanalista, às vezes depois de meses ou anos de ensaio, há ali um sinal de esperança: significa que, pelo menos naquele instante, o amor venceu o ódio; o desejo de melhorar venceu o desejo de permanecer doente.

Por isso este movimento de vida deve ser valorizado e comemorado como o primeiro passo rumo à transformação.

E o que vai acontecer depois?

Depois que o paciente consegue dar este primeiro passo, não é possível prever de antemão o quanto as forças de vida conseguirão se sobrepor às forças de morte. Aliás, este é um dos grandes trabalhos a ser realizado em uma psicanálise: fortalecer a capacidade de amar do paciente.

Se as forças de vida preponderam, o paciente consegue continuar vindo para as sessões e paulatinamente vai aprendendo a reconhecer e a conter seus sabotadores internos. Se as forças de morte preponderam, o paciente rompe o trabalho de análise por não conseguir sustentar seu investimento amoroso na vida e em si mesmo.

Vale ressaltar que a capacidade de amar é, em grande parte, inata. O que significa que o psicanalista pode muito pouco quando as forças de morte imperam no psiquismo do sujeito. O que eu quero dizer é a psicanálise não modifica a natureza instintual do paciente. O que ela faz é fortalecer a capacidade de amar do sujeito que muitas vezes permaneceu imobilizada pelo excesso de pulsão de morte e /ou pelo excesso de traumatismos.

Continua em dúvida sobre quando procurar um psicanalista? Aqui vão algumas dicas:

  1. Percebe que está sempre se envolvendo com o mesmo tipo de parceiro amoroso ou quando está prestes a ter um sucesso, você faz algo para estragá-lo.
  2. É tipo melancólico que não se adapta ao ideal de felicidade que é vendido hoje em dia. Sente-se deslocado, está sempre repleto de indagações filosóficas sobre a vida e sobre a morte e não encontra companhia para pensar sobre suas angústias.
  3. Sente-se impelido a se envolver em ações destrutivas (com sexo, drogas e bebidas) como se estivesse possuído por um outro “eu”.
  4. Encontra muita dificuldade para se separar das pessoas e dos objetos que “ama”. Tem absoluto pânico de ficar sozinho. Quando vê-se forçado a ficar só é invadido por um terrível e desolador sentimento de vazio e tédio.
  5. Não consegue sentir prazer na vida, no trabalho e nas relações em geral.
  6. Envolve-se com frequência em intrigas e brigas: no trabalho, no trânsito, na família e com os amigos. Sente que as pessoas estão conspirando contra você o tempo todo.

Se você se identificou com uma destas situações listadas acima, você pode se beneficiar muito do trabalho de um psicanalista. Experimente conversar com um em sua cidade. Se você quiser, pode experimentar conhecer como pensa um psicanalista lendo a minha coluna Pergunte ao psicanalista.

Agora se você estiver na região, estou à disposição para recebê-lo em minha clínica de psicologia de Ribeirão Preto. Entre em contato e agende uma entrevista. Conheça mais sobre a psicanálise em Ribeirão Preto.

7 comentários em “Quando devo procurar um psicanalista?”

  1. Prezada Maria,

    Obrigada pelo seu comentário.

    Os momentos de separação daqueles que gostamos são verdadeiras encruzilhadas em termos do desenvolvimento.

    Nestas situações, é comum que as pessoas se sintam fragilizadas e não consigam se manter distantes.

    Sugiro que neste caso você busque um psicólogo para que juntos possam averiguar porque esta separação das pessoas que gosta fizeram com que a vida perdesse o sentido para você.

    Busque um bom profissional em sua cidade e creio que ele poderá ajudá-la neste momento tão decisivo de sua vida.

    Abraços e boa sorte.

    Ana Laura Martinez
    Psicóloga clínica

  2. Só completando, não esquecemos que as duas coisas, se completam. E que são ambas essenciais.

    BOA NOITE.

    KEYLA.

    1. Prezada Raissa, sem dúvida! Levando-se em conta que dificuldades em um relacionamento ocorrem quando as duas pessoas que estão se relacionando estão encontrando dificuldade para conversar, para ouvir o outro ou para enxergar o outro, a busca pela ajuda deve ser feita por ambas as partes envolvidas.
      Você deve conhecer um ditado que diz: “Quando um não quer, dois não brigam”. Trocando em miúdos, este ditado quer dizer o seguinte: que quando um dos parceiros da relação (que pode ser entre pais e filhos, entre amigos ou em um casamento) está se sentindo estável e equilibrado internamente, mesmo que o outro queira brigar, ele não consegue porque a outra pessoa está tão bem que não se deixa contaminar pela sintonia destrutiva do parceiro. Mas, se ambos estão tendo dificuldade para se relacionar quer dizer que a dificuldade está nos dois e não em um só! Você não discrimina qual tipo de dificuldade vem encontrando em seus relacionamentos, mas de qualquer forma, se você está se observando que há dificuldades, deve procurar ajuda. Esta ajuda deve ser buscada por você com o seguinte espírito: não para encontrar os defeitos e as dificuldades dos outros, mas para poder olhar para você e conhecer quais são suas reais dificuldades em uma relação. Nós seres humanos temos uma tendência a depositar tudo aquilo que é indesejável da gente no outro, assim não temos que lidar com as características que não gostamos na gente. De qualquer forma, acho que a busca por ajuda de um profissional é sempre bem-vinda! Abraços e boa sorte. Obs: Não se esqueça de procurar um profissional com boas referências e com uma boa formação, pois nesta área há coisas de todo o tipo.

  3. Olá, eu tenhor problemas com os meus sentimentos, sou muito fechada em relação a eles e isso me atinge de uma forma muito profunda, guardo coisas dentro de mim que meu melhor amigo nem sonha em saber, isso causa um conflito interno comigo mesma. Eu deveria procurar um psicólogo?

    1. Camila, sem dúvida que sim. Com o auxílio de um profissional você poderá compreender melhor a sua dificuldade de se abrir e, sobretudo, de talvez contar a você mesma sobre sentimentos que porventura venha a ter, mas que nem você própria sabe que os sente. Boa sorte em sua busca.

  4. Não tive uma infância boa, cresci vendo minha mãe brigar o tempo todo com meu padrasto, e meu pai quase não teve presente nesse período da minha vida. Não sei se foi devido a isso que hoje sou uma pessoa muito fechada, porém explosiva, e muito nervosa, me irrito por qualquer coisa, muito grossa com a pessoas, me sinto sozinha muitas vezes e choro muito, sinto que tem uma coisa abafada dentro de mim que eu não sei o que é, me sufoca que eu ate passo mal, ultimamente não to tendo boa relação no meu relacionamento, e nem com outras pessoas ao meu redor, não consigo ser amorosa com minha mãe e tenho em minha mente que sou assim por causa dela, por ela ter me trocado por um homem que não trata ela bem ate hoje. Devo procurar um psicologo? Aguardo resposta, tenho certeza que irá me ajudar. Obrigada

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