Contribuições de Aristóteles para uma vida de sentido

O ser humano não é só, ainda que o seja também, um animal. Se de um lado ele está determinado por seus imperativos biológicos (necessidade de se alimentar e de se hidratar, de dormir e de procriar, de defecar e de urinar), o homem busca também transcender sua própria existência. Em uma linguagem bíblica, o homem almeja ser à imagem e semelhança de Deus.

Este seu anseio de transcendência e de superar a si mesmo é um exercício de potência realizadora que o impele sempre em direção a ser o melhor que ele pode em cada situação. Em poucas palavras, o ser humano necessita dar sentido à sua existência e anseia por uma vida de sentido, pelo menos, quando está saudável. Para Simone de Beauvoir “o Homem prefere razões de viver à vida em si mesma”. 

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Pelo direito de sentir medo.

imagesEsta semana foi noticiada uma reportagem que eu achei bastante curiosa.

Colônias de férias de crianças estão sendo proibidas, pelos pais, de contarem estórias de medo. O argumento dado por eles, segundo a reportagem, é que este tipo de estória pode traumatizar ou amedrontar as crianças desnecessariamente. O curioso é que, na matéria, o discurso dos pais era corroborado por um dos donos da colônia, que disse:

– É um período de férias, de curtição. Então, a gente só deve falar de “coisas alto-astral, só coisas pra cima” (sic).

O que podemos pensar sobre isso?

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A bondade e a maldade humana.

Abu-ghraib-leash.jpgEm uma entrevista exibida em meados de 2012 a atriz Camila Morgado que, na época ensaiava a peça “Palácio do Fim”, dirigida por José Wilker, conta sua difícil e dolorosa experiência nos ensaios.

Sua tarefa era encarnar a figura de Lynndie England, uma das onze militares julgadas e condenadas pela corte marcial dos Estados Unidos, em 2005, pelas violentas e atrozes torturas cometidas contra prisioneiros em Abu Ghraib (Bagdá), durante a ocupação do Iraque.

Questionada sobre qual estava sendo sua maior dificuldade durante os ensaios, ela descreve seus sentimentos da seguinte forma:

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Antígona e a ética trágica da vida.

Já faz um tempo que venho me dedicando a estudar as tragédias gregas, produzidas e encenadas na pólis durante o século V a.C. – período áureo e próspero vivido em Atenas que, nesta época era governada pelo tirano Pisístrato. Apesar de os gregos terem escrito muitas tragédias, muito deste material se perdeu no tempo, chegando até nós algumas das produções de três autores – Ésquilo, Sófocles e Eurípedes.

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