Por um sentido digno à existência da mulher: reflexões sobre um domingo de Páscoa

Há uma beleza dolorida na cena que deve ter se repetido em muitos lares do mundo todo neste último domingo de Páscoa: mulheres, por vezes idosas, cansadas e com dores pelo corpo todo, cozinhando para seus filhos, netos e, quem sabe, bisnetos.

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O problema da procriação em Freud.

O ato de procriar nos animais que têm seu comportamento sexual definido unicamente pelo instinto não é um problema moral. O que significa dizer que ele está fora do âmbito da escolha.

Mas o mesmo não acontece com os seres humanos, em que o ato de procriar inscreve-se – ou pelo menos deveria inscrever-se –  na problemática moral da escolha. Porque verdadeiramente desejo dar a vida a alguém é uma questão com à qual o ser humano minimamente inscrito na cultura deveria se debater em algum momento de sua vida.

Nesse sentido, será meu propósito neste texto, resgatar o que Freud postula a respeito do ato procriador nos seres humanos, a partir de suas reflexões no texto “Sobre o narcisismo: uma introdução” e mostrar como aquilo que ele coloca lá, e que está implicado no ato procriador, costuma estar radicalmente recalcado no âmbito da cultura.

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Maternidade: escolha ou destino?

imagesNa semana passada vivi uma experiência desagradabilíssima, que servirá como estímulo para minhas reflexões neste texto. Vamos à cena:

Eu e um médico ginecologista, bastante avançado em idade. Tratava-se de uma consulta de rotina. Depois dos procedimentos rotineiros, o médico me indaga, com olhar inquisidor:

– Você não vai ter filhos?

– Por enquanto não. Respondo prontamente.

Silêncio sepulcral…

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Álbum de família: ódio materno e transgeracionalidade no vir a ser mulher.

Meu intuito neste texto é utilizar o filme “Álbum de família”, exibido nos cinemas brasileiros em dezembro de 2013 como um modelo para pensarmos dois aspectos fundamentais à psicanálise:

  1. Presença da transgeracionalidade na construção do inconsciente individual
  2. Necessária passagem por zonas áridas de desamparo e solidão radical do sujeito que almeja se desenvolver e se diferenciar psiquicamente ou, dito nos termos de Lacan, daquele que busca romper com o discurso familiar.

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