O problema da procriação em Freud.

O ato de procriar nos animais que têm seu comportamento sexual definido unicamente pelo instinto não é um problema moral. O que significa dizer que ele está fora do âmbito da escolha.

Mas o mesmo não acontece com os seres humanos, em que o ato de procriar inscreve-se – ou pelo menos deveria inscrever-se –  na problemática moral da escolha. Porque verdadeiramente desejo dar a vida a alguém é uma questão com à qual o ser humano minimamente inscrito na cultura deveria se debater em algum momento de sua vida.

Nesse sentido, será meu propósito neste texto, resgatar o que Freud postula a respeito do ato procriador nos seres humanos, a partir de suas reflexões no texto “Sobre o narcisismo: uma introdução” e mostrar como aquilo que ele coloca lá, e que está implicado no ato procriador, costuma estar radicalmente recalcado no âmbito da cultura.

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Mata-se uma criança – parte I

download (6)Neste texto partirei do estimulante livro “Mata-se uma criança” do psicanalista francês Serge Leclaire (1977), que acabo de ler, para desenvolver minhas próprias elaborações a respeito deste tema tão sinistro e fortemente evitado, mesmo entre os psicanalistas.

Leclaire parte da seguinte ideia: aceitamos com alguma tranquilidade a presença de desejos assassinos dirigidos ao pai e a mãe da criança edipiana. Mas, a fantasia de matar crianças, animada pela mente dos genitores, é algo, segundo ele, fortemente evitado e que causa repulsa.

Sustentando sua argumentação, cita que na tragédia Édipo Rei, de Sófocles, o personagem trágico Édipo só assassinou o pai e desposou a mãe porque a criança, que foi enviada pelo pai para morrer no monte Citerão, foi encontrada por um pastor. Para quem não conhece a tragédia, vamos a um breve resumo:

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O mito de Narciso sob a ótica da Psicanálise

Mito de NarcisoNesta sexta-feira estive no Cinema e Psicanálise e assisti ao filme “O retrato de Dorian Gray”, baseado no livro de mesmo título escrito por Oscar Wilde. Vale lembrar que, além deste filme, há outras filmagens da mesma obra, embora eu não as tenha visto.

Grande parte das discussões após a exibição do filme giraram em torno da temática do narcisismo. Como o propósito do post não é analisar o filme e sim o narcisismo, sugiro que leiam a obra de Oscar Wilde e assistam ao filme para compreender melhor a discussão.

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