O ato de procriar nos animais que têm seu comportamento sexual definido unicamente pelo instinto não é um problema moral. O que significa dizer que ele está fora do âmbito da escolha.
Mas o mesmo não acontece com os seres humanos, em que o ato de procriar inscreve-se – ou pelo menos deveria inscrever-se – na problemática moral da escolha. Porque verdadeiramente desejo dar a vida a alguém é uma questão com à qual o ser humano minimamente inscrito na cultura deveria se debater em algum momento de sua vida.
Nesse sentido, será meu propósito neste texto, resgatar o que Freud postula a respeito do ato procriador nos seres humanos, a partir de suas reflexões no texto “Sobre o narcisismo: uma introdução” e mostrar como aquilo que ele coloca lá, e que está implicado no ato procriador, costuma estar radicalmente recalcado no âmbito da cultura.


Nesta sexta-feira estive no Cinema e Psicanálise e assisti ao filme “O retrato de Dorian Gray”, baseado no livro de mesmo título escrito por Oscar Wilde. Vale lembrar que, além deste filme, há outras filmagens da mesma obra, embora eu não as tenha visto.