Quanto tempo dura uma psicanálise?

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Não é possível precisar quanto tempo dura uma psicanálise. Só podemos precisar que a psicanálise é um processo longo, que demanda alguns anos de trabalho.

Interessante destacar que quando ela foi criada, as análises costumavam demorar pouco tempo: cinco ou seis meses, no máximo.

Por que isso mudou?

Constatou-se ao longo do tempo que as melhoras dos pacientes analisados durante cinco ou seis meses não se sustentavam. Tão logo a vida trouxesse um novo dissabor, a pessoa adoecia novamente e os sintomas reapareciam. Havia uma espécie de mascaramento da melhora.

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Devo abordar o meu namorado sobre ele ver muita pornografia?

downloadEstou inaugurando este mês em meu blog uma nova e ousada atividade. No “Pergunte ao psicanalista” minha proposta será oferecer às pessoas a chance de conhecer a perspectiva e o modo habitual de conversar com um psicanalista.

Selecionarei uma pergunta por semana feita por uma pessoa no Portal MundoPsicologos.com ou então enviada diretamente a mim pelo e-mail e responderei à pessoa como se ela estivesse conversando com um psicanalista. Obviamente não se trata de substituir uma sessão de análise, pois isso não seria possível. Penso que este tipo de iniciativa pode ajudar as pessoas a terem um primeiro contato com o modo habitual de um psicanalista pensar e abordar as problemáticas humanas, modo que costuma ser diferente de outras modalidades psicológicas.

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Quais as diferenças entre o psicólogo, o psiquiatra e o psicanalista?

images (3)Meu objetivo neste post é explicar da maneira mais clara possível para o público interessado quais são as diferenças entre o psicólogo, o psiquiatra e o psicanalista.

Esta é uma questão que confunde muita gente!

Em parte, ela ocorre porque os três fazem coisas muito diferentes sob o mesmo rótulo chamado “psicoterapia“.  Assim, o psiquiatra faz psicoterapia, o psicólogo faz psicoterapia e, por vezes, as pessoas também chamam o psicanalista de psicoterapeuta.

Em termos práticos, o psiquiatra fez um curso de Graduação em Medicina que dura seis anos, em tempo integral, e depois uma residência em psiquiatria, o que o torna habilitado a diagnosticar e tratar as desordens psíquicas, ou, como se costuma chamar no popular, as “doenças da cabeça”.

Em sua atuação, o psiquiatra se guiará por padrões de normalidade psíquica buscando reconhecer em cada paciente o quanto este se aproxima ou se afasta de tais critérios estabelecidos previamente a partir de estudos estatísticos que abarcam o comportamento médio de grandes populações.

A partir desta comparação, ele traçará um diagnóstico e poderá intervir no mesmo utilizando tratamentos psicotrópicos (remédios), tratamentos físicos  e / ou tratamentos psicoterápicos (conversas).

Já o psicólogo é alguém que fez um curso de Graduação em Psicologia, em tempo integral ou parcial, que dura cinco anos. Já na graduação ele pode direcionar sua carreira para a área clínica, escolar, empresarial, hospitalar ou acadêmica, a depender da sua vocação.

A Psicologia é um ramo que se destacou da Filosofia e se tornou profissão há não muito tempo, por volta de 1950, e tem como objetivo entender o comportamento de pessoas e animais em diferentes contextos e sociedades.

Já o psicanalista, que pode ser médico, psicólogo ou filósofo de formação é o profissional que escuta e conversa com os pacientes em seu consultório de um jeito muito peculiar: com o paciente deitado em um divã e o psicanalista  atrás dele, ouvindo atentamente cada palavra que diz, fazendo perguntas e correlações e, principalmente, interpretando o sentido do que é dito pelo paciente e que escapa a ele próprio.

Este trabalho de investigação e interpretação de sentidos feito pelo analista busca, dentre outras coisas, ampliar o conhecimento que o paciente tem de si mesmo, condição que torna sua vida muito mais interessante e rica em termos de experiências.

A profissão de psicanalista não é regulamentada no Brasil, o que significa que não há normativas regimentais que definam quem pode ou não atuar como tal.

Apesar disso, existem instituições sérias e reconhecidas que formam analistas. A principal delas é a IPA (Internacional Psychoanalytical Association), fundada em 1910 pelo próprio Freud.

No Brasil, a formação analítica fica à cargo das instituições federadas à FEBRAPSI (Federeção Brasileira de Psicanálise), todas elas vinculadas à própria IPA.

A formação analítica oferecido por estes institutos de psicanálise compõe-se da análise pessoal do candidato, da supervisão de seus casos clínicos e de cursos de teoria e técnica psicanalítica e dura, em média, de cinco a oito anos.

Existem ainda cursos de psicanálise em outras instituições, tais como, o Instituto Sedes Sapientiae em São Paulo, com ótimos cursos de psicanálise e outros ainda vinculados às universidades.

Em Ribeirão Preto, região em que eu atuo, há os cursos de Especialização em Teorias e Técnicas Psicanalíticas oferecido pelo Instituto de Estudos Psicanalíticos (IEP) e também o curso de extensão da Dra Suad.

Se está nesta região, e quer consultar um psicólogo em Ribeirão Preto, estou à disposição para conversar com você. Conheça minha formação e agende uma entrevista. Conheça mais meu trabalho como psicanalista em Ribeirão Preto. 

Diferenças entre psicoterapia e Psicanálise

images (3)Explicar de um modo simples e claro quais as diferenças fundamentais entre uma psicoterapia (ou terapia, como se costuma dizer) e uma psicanálise não uma tarefa simples. Mas tal diferenciação é imprescindível pela confusão que costuma gerar entre os leigos e mesmo entre os psicólogos.

Comecemos por definir o que é psicoterapia.

O que é psicoterapia?

Termo “genérico” que corresponde a qualquer tratamento realizado com métodos e propósitos psicológicos, independente da abordagem teórica utilizada. Em linhas gerais, todas as psicoterapias utilizam como ferramenta principal de trabalho a palavra. Também em linhas gerais, nas psicoterapias estará presente algo que chamamos de sugestão.

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O que é a psicologia clínica e o que faz o psicólogo clínico?

images (3)Meu objetivo neste post é explicar da maneira mais simples e clara possível para o leigo o que faz um psicólogo clínico.

Primeiro ponto importante: você não deve confundir o psicólogo clínico com o psiquiatra. Em linhas gerais, o psicólogo conversa. É o que costumo chamar de “médico da alma”. Já o psiquiatra é um “médico do corpo” que utiliza medicações para tratar as desordens mentais. Saiba mais sobre as diferença entre psicólogo e psiquiatra.

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Lançamento do livro Eu, Clarice

livro ana laura moraes martinezÉ com imenso prazer que compartilho com os meus leitores o lançamento do meu primeiro romance Eu, Clarice, publicado no formato de ebook.

Na romance o leitor poderá acompanhar de perto como a pequena protagonista, acompanhada desde o nascimento até a morte, entrega-se com paixão frente à árdua tarefa que sua mãe lhe delegou: encontrar a luz da verdade.

Em uma narrativa biográfica que acompanha cada momento da vida de Clarice, o leitor pode conhecer, na intimidade dos pensamentos da protagonista, como ela vai costurando as tramas de sua história pessoal bastante trágica.

Nesta busca incessante, a pequena Clarice dá mostras do seu heroísmo na medida em que encontra possibilidade de transformar os escombros de sua realidade familiar trágica em algo com que ela possa sonhar. Nesse sentido, Clarice pode ser cada um de nós com seus dramas internos e suas tragédias pessoais.

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Felicidade roubada

maquina de escreverO mar brilhante chamava o menino com seus braços verde-esmeralda. Era manhã de um domingo quente e o menino via o mar pela primeira vez. Fora o avô, seu avô duro e bom, que lhe proporcionara o encontro tão aguardado. Fugidos como duas pequenas lesmas, lá foram eles, como ladrões em busca de um quinhão de prazer: o avô guiando o caminhão enorme e o menino com seus pequenos olhos transpassando o limite das ferragens, com uma fome que pretendia engolir tudo de uma vez.

Chegaram e mal o avô teve tempo de estacionar o grande elefante vermelho, o menino zarpara com o coração batendo frenético como tambor. Abrira a porta num relampejar de olhos e, desembestado, correu com suas perninhas finas e um pouco tortas, em direção ao grande deus. No caminho, foi jogando suas roupas sujas, furadas do trabalho duro e precoce, um pouco prejudicado, é verdade, pelas brincadeiras irresistíveis de pneu com o irmão mais novo. Jogou tudo o que era sujo e roto, ficando só de cueca, com seu corpo esquelético de felino em formação.

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O homem que prendia pássaros

maquina de escreverA cena era brutal: pássaros que nasceram livres, lindos e coloridos, debatendo-se violentamente contra as grades da prisão. Aqueles pequenos pingos de milagre no meio do dia debatiam-se com tanta força e intensidade que de suas asas brilhantes o sangue já começava a verter; feridas fundas iam se formando por suas batidas frenéticas. A violência havia se imposto e os seres miraculosos nada podiam fazer contra ela. Estavam presos, vítimas da brutalidade. Marina e Pedro avistaram a cena horripilante soltando um grito surdo de horror.

Marina, frágil demais para suportar tamanha dor, sentiu seus olhos inundarem. Queria segurar a inundação que deixava sua alma exposta, mas não podia. Era translúcida demais.

Pedro, mais vigoroso de alma, pôs-se imediatamente a matutar como usaria sua força de leão para salvar os pingos de vida. Marina teve medo por seu amado, pois pensou que ele teria que ser tão robusto e vigoroso quanto às grandes gotas de chuva que lavam a poeira do horizonte, tornando-o límpido e fresco.

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Rito selvagem

maquina de escreverEla caminhava em direção ao mar sem saber o que a movia. Alguém que a visse naquela tarde chuvosa, com seus cabelos ensebados teria pena.

Mas não era pena o que ela queria do mundo. O que ela queria era sentir horror e a única forma de chegar a isso era se tornar um ser medonho de unhas sujas e verdes.

O mar também a lembrava de seu próprio pai que morrera anos antes, um exímio nadador, mais peixe que humano.

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Os irmãos

maquina de escreverFlávio e Pedro eram irmãos gêmeos. Disputaram desde sempre o mesmo ventre, o mesmo espaço, o mesmo amor. Nascidos, a mãe chegava a confundi-los de tão iguais que eram, exceto pelo gênio. É que Flávio era mais parecido com a mãe, segundo seus próprios dizeres e por conta disso ela o amava mais que ao outro. Apesar de tal realidade evidente, isso nunca lhe chegou à consciência:

Imagina amar um filho mais que outro? Que pecado!

Já crescidos, ambos ingressaram na Universidade. E, como o destino não deixa por menos, o inevitável aconteceu. Flávio e Pedro apaixonaram-se pela mesma moça: a linda Dulcinéia.

Adivinha quem ela escolheu?

– O Flávio. Óbvio! Ou você acha que o destino brinca em serviço?

Pedro, enlouquecido de tanta dor, não aguentou este golpe. Ao saber da escolha de Dulcinéia, esbofeteou a cara do irmão, quebrou-lhe o nariz e desapareceu para sempre em sua dor insana. Nunca mais se soube dele.

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