Pudor e hipocrisia no casamento conjugal moderno: reflexões à luz do pensamento de Simone de Beauvoir.

Uma mulher insatisfeita sexualmente com seu marido que ligasse a rádio na década de 80 e ouvisse a parada pop de sucesso “Amante profissional” (da banda Herva Doce) ver-se-ia seriamente tentada a contratar o serviço.

Na irreverente música o tal amante profissional é descrito como um homem alto, moreno, bonito, carinhoso e sensual, capaz de realizar a fantasia da mulher insatisfeita sexualmente por meio de um relacionamento íntimo e discreto e sem qualquer compromisso emocional.

A cena faz apelo (e sucesso) porque joga com a insatisfação da mulher com aquilo que ela tinha em casa, ou seja, o marido. O amante profissional, alto, moreno, bonito, carinhoso e sensual, é quase sempre o contrário do que era o marido da realidade: por vezes baixo, calvo, já com o abdômen avantajado e largado por anos da prática da cerveja e do exercício tipo controle remoto, estúpido e grosseiro e nem um pouco romântico com o avançar dos anos de casamento, se é que fora um dia.

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