Viver só tem sentido quando somos capazes de olhar para além de nós mesmos e dos nossos interesses particulares.
Tag: Psicanálise
Preconceito e estigma contra mulheres sem filhos
O número de mulheres que escolhe não procriar tem aumentado nas últimas décadas. Dizem delas que são egoístas, vazias e incompletas e, jocosamente, vislumbram-nas na velhice como a “louca dos gatos”, que é uma forma de dizer que amam mais os bichos que os humanos.
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Aspectos da psicologia feminina e violência contra a mulher
Uma mulher não passará pela vida sem experimentar algumas vezes o desprezo e o ódio de um homem por ela.
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Medo e coragem em tempos de coronavírus: reflexões à luz de uma experiência pessoal
Quando padeci de um quadro fisicamente muito doloroso há alguns meses não poderia imaginar que estava, sem saber, acumulando experiência para atravessar a onda do coronavírus.
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Minhas aventuras em Minas Gerais
Milton Nascimento tem razão. Minas Gerais tem uma melancolia poética bonita demais. Estive visitando Inhotim e Ouro Preto e voltei cheia de reminiscências, desejosa de poder expressar um sentimento evanescente difícil de ser posto em palavras.
O ser poético na modernidade
As articulações produzidas neste texto são fruto de um curso que acabo de acompanhar com o Prof. Franklin Leopoldo e Silva intitulado Filosofia e Intuição Poética na Modernidade, disponível na internet.
Nele, pensando no ser poético ou na identidade do poeta, o filósofo nos instiga com as seguintes questões: na medida em que um dos traços fundantes da modernidade é a degradação e a perda dos valores estéticos e éticos, como pode o poeta viver num mundo sem poesia? Ou, colocado de outro modo, como poderia o poeta continuar a fazer poesia em um mundo sem ideal? Haveria ainda alguma poesia possível para este mundo?
O voo de Miréia
Ela se chamava Miréia. Ou melhor, este fora o nome que Pedro lhe dera depois de encontrá-la numa gaiola minúscula em uma sala escura, órfã de pai, mãe e irmãos. A cena daquela galinhazinha que nunca pisara em grama, piando freneticamente, como que pedindo para ser adotada, fez vibrar alguma corda insondável do bom coração de Pedro que imediatamente, como para salvar uma alma do hiato da não existência, pegou a galinha, enfiou-a no carro e a levou para casa.
Sua esposa Clarice viu-o chegar com a galinha que o seguia pra lá e pra cá, cheia de orgulho por recém ter encontrado uma mãe novinha em folha para ela, e não pôde deixar de ver graça na cena. Afinal, não se sabia muito bem qual dos dois, se galinha ou Pedro, sentiam-se mais sortudos com aquele iniciozinho de amor que já prometia grandes belezas, mas também uma boa dose de dor, porque um não vem sem o outro.
Pudor e hipocrisia no casamento conjugal moderno: reflexões à luz do pensamento de Simone de Beauvoir.
Uma mulher insatisfeita sexualmente com seu marido que ligasse a rádio na década de 80 e ouvisse a parada pop de sucesso “Amante profissional” (da banda Herva Doce) ver-se-ia seriamente tentada a contratar o serviço.
Na irreverente música o tal amante profissional é descrito como um homem alto, moreno, bonito, carinhoso e sensual, capaz de realizar a fantasia da mulher insatisfeita sexualmente por meio de um relacionamento íntimo e discreto e sem qualquer compromisso emocional.
A cena faz apelo (e sucesso) porque joga com a insatisfação da mulher com aquilo que ela tinha em casa, ou seja, o marido. O amante profissional, alto, moreno, bonito, carinhoso e sensual, é quase sempre o contrário do que era o marido da realidade: por vezes baixo, calvo, já com o abdômen avantajado e largado por anos da prática da cerveja e do exercício tipo controle remoto, estúpido e grosseiro e nem um pouco romântico com o avançar dos anos de casamento, se é que fora um dia.
O homem forte
Qual a marca fundamental de um ser humano forte? O que é que se reconhece exatamente como sendo a força de uma pessoa?
Freud nos ajuda a pensar sobre isso.
Nas “Cinco lições de psicanálise” (1905) ele diz textualmente que um homem enérgico e vencedor é aquele que, pelo próprio esforço, consegue transformar em realidade seus castelos no ar.
Mas o que exatamente ele quer dizer com isso? O que seriam estes tais castelos que, no homem forte, são erguidos a partir do nada, do ar e que derivam de uma conjunção feliz entre circunstâncias externas favoráveis (Freud nunca deixou de considerar o elemento sorte) e de uma força interna descomunal?
Para que servem as palavras?
Sem a palavra o mundo humano é impensável. É por ela que expressamos ideias, sentimentos e percepções de mundo, criamos realidades, nomeamos seres e coisas, raciocinamos e tentamos dialogar uns com os outros. De outro lado, quando manejamos mal a palavra ou nos desgarramos de sua função simbólica, afastamo-nos em demasia da verdade das coisas, distorcemos valores e temos dificuldade para nos entender minimamente uns com os outros.
Tendo-se em conta a riqueza simbólica e instrumental da linguagem, será meu propósito aqui refletir sobre, afinal, para que nos servem as palavras.